13 de outubro de 2011

AFRICA'S POLITICAL MIRROR IN 2011

E assim vai a Africa em 2011

Por Constâncio Nguja

Introdução
África é o terceiro continente mais extenso (atrás da Ásia e da América) com cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados, cobrindo 20,3 % da área total da terra firme do planeta. É o segundo continente mais populoso da Terra (atrás da Ásia) com cerca de 900 milhões de pessoas, representando cerca de um sétimo da população do mundo, e 54 países independentes; apesar de existirem colônias pertencentes a países de outros continentes, tais como as Ilhas Canárias e os enclaves de Ceuta e Melilla, que pertencem à Espanha, o território ultramarino das ilhas de Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha, que pertence ao Reino Unido, e as ilhas de Reunião e Mayotte, que pertencem à França.
Apresenta grande diversidade étnica, cultural, social e política. Nesse continente são visíveis as condições de pobreza, sendo o continente africano o mais pobre de todos; dos trinta países mais pobres do mundo (com mais problemas de subnutrição, analfabetismo, baixa expectativa de vida, etc.), pelo menos 21 são africanos. Apesar disso existem alguns poucos países com um padrão de vida razoável, ainda assim não existe nenhum país realmente desenvolvido na África.[3] O subdesenvolvimento, os conflitos entre povos e as enormes desigualdades sociais internas, são o resultado das grandes modificações introduzidas pelos colonizadores europeus. Atualmente os países africanos mais desenvolvidos são Líbia, Maurícias e Seicheles, com qualidades de vida superiores a de muitos países da Europa. Ainda há outros países africanos com qualidades de vida e indíces de desenvolvimento razoáveis, podendo destacar a maior economia africana, a África do Sul e outros países como Marrocos, Argélia, Tunísia, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
A África costuma ser regionalizada de duas formas, a primeira forma, que valoriza a localização dos países e os dividem em cinco grupos, que são a África setentrional ou do Norte, a África Ocidental, a África central, a África Oriental e a África meridional. A segunda regionalização desse continente, que vem sendo muito utilizada, usa critérios étnicos e culturais (religião e etnias predominantes em cada região), é dividida em dois grandes grupos, a África Branca ou setentrional formado pelos oito países da África do norte, mais a Mauritânia e o Saara Ocidental, e a África Negra ou subsaariana formada pelos outros 44 países do continente.
O presente artigo pretende trazer uma resenha dos acontecimentos políticos que marcaram o continente negro em 2011.

As dinâmicas da política Africana
Em Janeiro de 2011 publiquei um artigo onde prognosticava a política externa e internacional .
No que tangia à África, o artigo referia que verificar-se-ia que:
• O debate sobre a Costa do Marfim tenderia a durar, caso a comunidade internacional não usasse a força para retirar o candidato perdedor, Laurent Gbagbo do poder. Que era necessário ressalvar que tal acção deveria tomar lugar a curto prazo, visto que depois, podia ser tarde, porque o inimigo já teria manipulado as populações a seu favor, para uma situação igual a que aconteceu com os Estados Unidos da América na Somália, entre 1992 e 1994;
• O pós-referendo traria muito que se discutir entre os opinion-makers sobre a política internacional, sobretudo de África. O resultado do referendo, a divergência entre os movimentos do Sul, o petróleo, o acesso ao mar, a região de Abiey, possível irredentismo para Darfur, a anunciada Sharia para o Norte, a caça a Bashir pelo Tribunal de Haia, entre outros, seriam os assuntos a serem debatidos nas próximas manchetes. (...)
Hoje, volvidos 10 meses de 2011, os dois assuntos já tiveram o seu desfecho.
Na Costa do Marfim, A eleição presidencial de 2010 levou à Segunda Guerra Civil naquele país. Depois de meses de negociações infrutíferas e violência esporádica, a crise entrou numa fase crítica quando forças de Alassane Ouattara tomaram o controlo da maior parte do país, com Laurent Gbagbo entrincheirado em Abidjan, maior cidade do país. Organizações internacionais relataram inúmeros casos de violações dos direitos humanos por ambos os lados. Na cidade de Duékoué, estima-se que centenas de pessoas tenham morrido como resultado da retirada das forças Liberianas que vieram em auxílio de Gbagbo. As forças da ONU e francesas tomaram uma acção militar contra Gbagbo. Gbagbo foi capturado depois de uma invasão em sua residência a 11 de Abril. Este facto culminou com a assumpção do poder presidencial por Alassane Ouatara, a 6 de Maio de 2011.
Este foi o primeiro desfecho para o caso da Costa do Marfim.
No que concerne ao Sul do Sudão, o referendo realizado entre os dias 9 e 15 de Janeiro, como consequência do Acordo de Naivasha assinado em 2005 , entre o governo central de Cartum e o Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLA / M), culminou com a proclamação daquele território como a mais nova nação do continente Africano.

Entretanto, mais acontecimentos políticos emergiram durante o ano:
1. A Resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas , que culminou com a intervenção para a retirada do regime de Muhammar Qadafi na Líbia, no poder há 42 anos;

2. Eleições presidenciais no Benin (que legitimaram a re-eleição do presidente Thomas Yayi Boni, no poder desde 2006), Cabo Verde (que culminaram com a vitória de Jorge Carlos Fonseca), Republica Centro Africana (legitimando a re-eleição do presidente François Bozizé), Chade (legitimando a re-eleição de Idriss Déby, no poder desde 1990), Níger (que elgeu pela primeira vez Mahamadou Issoufou), Nigéria (legitmando o presidente Goodluck Jonathan), São Tome (trazendo de volta Manuel Pinto da Costa, que fora presidente entre 1975 e 1991), Seychelles (conferindo James Michel ao segundo mandato), Uganda (legitimando a re-eleição de Yoweri Museveni, no poder desde 1986), e Zâmbia (trazendo, pela primeira vez ao poder, Michael Sata). Dois outros países (Camarões e Libéria) estão em pleitos eleitorais, e outros tê-los-ão brevemente (a República Democrática do Congo e, provavelmente o Madagáscar e o Zimbábwe);

3. O regresso dos atentados do Grupo Extremista Al Shabab na Somália. O marco foi a 4 de Outubro com o atentado a Mogadíscio;

4. Os mandatos de detenção ou auscultação do Tribunal Penal Internacional para os políticos africanos tais como os Líbios Muhammar Qadafi (ex-líder líbio) Saif al Islam (filho de Qadafi), e Abdullah Senussi (ex-chefe dos serviços secretos), os Quenianos William Samoei Ruto (Ministro da Ciência e Tecnologia, actualmente suspenso), Henry Kiprono Kosgey (Ministro da Industrialização), Joshua Arap Sang (Funcionário Sénior de uma estação de rádio local), Francis Kirimi Muthaura (Membro dos Serviços de Segurança), Uhuru Muigai Kenyatta (filho do paid a nação Queniana Jomo Kenyatta e actual Minsitro das Finanças), Mohamed Hussein Ali (Chefe dos Correios e antigo Comissário da Polícia) por terem agitado ou contribuido para a agitação que culminou com a violência pós eleitoral no Quénia;

5. As revoltas populares em Angola, Swazilândia e Senegal.

Conclusão
A dinâmica da política africana varia de Estado para Estado, região para região, tendo em conta outros contextos como o tempo, os factores étnico-sociais, a economia, a mão externa e a conjuntura internacional.
Este artigo trouxe o espelho político dos acontecimentos que têm estado a marcar o continente negro, em 2011. O mesmo não fez relação dos factos políticos com nenhuns outros factores de outra natureza. Retratam-se aqui, somente dos acontecimentos políticos e qualquer julgamento deve ser feito nesses parâmetros. Quo vadis Africa?
Se considerarmos que África faz-se de pedaços que cada um de nós constituímos, então há que concordar com o provérbio africano do povo wolof (senegalês), segundo o qual, “é melhor caminhar do que amaldiçoar a estrada” . África caminha para onde cada um de nós caminha!

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